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O SER E O EU 1

                                                                                   

       

 

Quando temos oportunidade de estar em convívio estreito conosco, é possível se assim o desejarmos, perceber a diferença entre o nosso ser, amplo e complexo e o nosso eu comum, nosso ego.

Numa busca por mais qualidade de vida e de consciência, este contato é imprescindível. A ansiedade e a angústia, a insônia e a dificuldade de concentração, tão corriqueiros têm uma ligação direta com esta nossa separação da mente ou eu superior.

A vida moderna com sua coerção ao contato externo, via celular, “Itudos”, Tablets e por aí vai, ajuda muito nesta dispersão. Há pouco estive na cidade e confirmei esta idéia. Bastou olhar ao meu redor para constatar que a grande maioria das pessoas está o tempo todo ligada aos seus aparelhinhos: no ônibus, andando na rua, nos restaurantes, nas praças e parques (!?), e mesmo em companhia de outras pessoas, sempre com “ele” do lado para ver de imediato novas mensagens, postagens, o que quer que seja. Isso se não estiverem cada uma falando ao celular em vez conversarem entre si!!! Isto me pareceu fantástico!

Passamos 40 longos dias visitando a família e com acesso direto a internet, coisa que no barco é difícil, pude então constatar que este mal já começava a me acometer... Comecei a sentir falta do “Face”, de ver os e-mails, de “acessar” na maioria das vezes nem sabia o que era, e, não era nada mesmo, era uma angústia como se eu estivesse perdendo algo que no fim nem queria ter...

Recebemos um bombardeio de informações diariamente, informações estas que não têm se pensarmos bem, nenhum valor ou importância na nossa vida. Mas servem para poluir-nos e dispersar-nos daquilo que nos compete gerir e muito mais além, do que nos compete escolher e curtir na nossa vida, fazendo-o conscientes e de acordo com nossa realidade interna e desligada das demandas da vida social. Na prática, tudo isto é uma tremenda coerção social retro alimentadora, capitalista, consumista e padronizadora de seres humanos.

Aparentemente nestes nossos tempos “hiper modernos” a gama de possibilidades de expressão é virtualmente infinita, mas, aquilo que vemos, é um monte de gente correndo atrás de objetivos alheios ao seu eu profundo, seu mundo interior o qual a maioria esmagadora nem sabe que existe... Lutando com padrões corporais e comportamentais aos quais não se adaptam e forçando-se mutuamente a vesti-los. Tão difícil é achar um relacionamento legal, uma harmonia em família, um ambiente cooperativo de trabalho... É aquilo que o Dr. José Ângelo Gaiarsa chamava de a “coisificação das pessoas e a humanização das coisas”...   

A minha experiência, vivendo a bordo do TAO, fora dos padrões e mais distante destas forças sociais, me fizeram perceber que, é claro, eu as trouxe comigo, dentro da minha mente, do meu comportamento condicionado por longos anos... Isso que eu nem fui muito de andar nos trilhos...

Aos poucos já estou ficando fora disto, a ponto de conseguir ver tudo com mais clareza. É possível acessarmos a nós mesmo de qualquer lugar e em qualquer situação. Isto nos pertence profundamente, somente é preciso vontade e coragem... Coragem, pois temos camadas e camadas de sujeira social nos cobrindo. Efeitos da “domesticação” que sofremos desde que nascemos...

Ficar em silêncio, paradinho, sentindo o que nos vai por dentro... É aí que começam as descobertas... E são maravilhosas... Depois que se passa o tempo das recriminações e das dúvidas.... Por isso a coragem... Mas vale muito o trabalho...

Com o tempo começamos a perceber a imensidão do nosso ser... Um espaço infinito de sabedoria e poder que transcende aquilo que “estamos” nesta vida: nome, estado civil, profissional, filha (o), pai, mãe, e por aí vai... Todos os padrões que assumimos e que não tem a mínima importância, somente aquela que resolvermos dar a eles e que podemos tirar no momento em que quisermos... Tudo isto não é nada além de escolhas comuns sobre quais papéis atuar na vida... Mas podemos dar uma conotação muito particular e original a estes papéis, de acordo com o nosso ser mais íntimo e individual. E isso sim é muito bom e realizador. Traz-nos tranqüilidade, harmonia e paz!

 

 

 

 

 

 

     

 

 

 

 

 



28/01/2013
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